Habitar pós-vírus: A cobertura em julgamento 🌿
Fonte: Anton Malishev
“Com a imprevisibilidade de um espirro, tudo mudou.
Num momento histórico de contornos surreais, iniciado por um vírus à solta que está a levar muitos a viverem meses inusitados de uma quarentena forçada na própria casa, sem fim à vista, impõe-se uma reflexão sobre o habitar.
A Casa adquire, neste contexto, uma conotação totalmente nova: ocupamo-la em regime de exclusividade, intensivamente e sem alternância com o escritório, a escola, o restaurante, o cinema ou a cidade. (…) Daqui para a frente, adivinha-se uma profunda revisão das expectativas que temos para o nosso lar.” Artigo Habitar pós-vírus: A casa em julgamento
Os hábitos e o modo de vida irão, sem dúvida, mudar. Temos tempo de parar e ver o que está à nossa à volta.
Indubitavelmente, após sairmos do isolamento, vamos ter diferentes exigências daquelas que tínhamos em janeiro. “Olharemos de outra forma para as varandas encerradas para aumentar a lavandaria? Continuaremos a considerar a hipótese de partilhar uma casa com desconhecidos? Ou, pelo contrário, tornar-se-á insuportável a ideia de se viver só? Consideraremos com maior apreço a importância do comércio de bairro?”
Olharemos nós para as coberturas das nossas casas finalmente como espaço utilizável? Poderíamos passar os fins de semana com os pés na relva e vista para a cidade, a aproveitar o calor do sol. Poderíamos no final do dia subir até à cobertura para ler um livro rodeados por vegetação.
"Resistirão ao escrutínio os estúdios T0 que proliferam nos centros das cidades? E as generosas caves de estacionamento onde poderia existir um quintal ou um jardim privado?"
Temos observado ao longo destas semanas a população com necessidade de ir para a cobertura, para apanhar ar fresco, estar um pouco no exterior, ver a cidade.
As coberturas das habitações estão a ser redescobertas agora pelos seus inquilinos, e não temos duvidas que uma cobertura tratada e com vegetação será uma das caracteristicas mais solicitadas aos arquitectos nos seus projetos. As cidades irão certamente necessitar de ser reinventadas, não só ao nivel da habitação como do espaço público.
É importante ocupar o espaço sobrante dos nossos edifícios e torná-los verdes. É possível habitar as coberturas e torná-las jardins incríveis.
Sairemos todos desta quarentena a dar mais valor ao que realmente interessa - o nosso bem-estar e o bem-estar de quem nos rodeia – para que isto aconteça é urgente que a vegetação volte a viver a cidade.
São imensos os beneficios que estes sistemas trazem ao edifico em que são implementados e à área em redor:
A capacidade das coberturas verdes na retenção da água da pluvial, minorando problemas de cheias e inundações em picos de precipitação, captação de CO2 e produção de oxigénio,- através da retenção de poeiras e partículas em suspensão no ar-, a promoção da biodiversidade, a redução dos custos de manutenção dos edifícios através da proteção da impermeabilização e redução dos custos energéticos, o aumento do espaço útil na cidade e, claro, a valorização imobiliária.
Vamos todos torcer por um futuro mais verde 💚